O tempo existe? Será finito ou infinito? Tudo serão apenas coisas?
A palavra tempo tem origem no latim. Ela é derivada de tempus e temporis, que significam a divisão da duração em instante, segundo, minuto, hora, dia, mês, ano, etc. Os latinos usavam aevum para designar a maior duração, o tempo.
O tempo é uma unidade de medida geralmente indicada por intervalos ou períodos de duração. Tudo é medido em dias, horas, segundos, hoje, ontem, amanhã, presente, passado e futuro.
Por influência das ideias desenvolvidas por Einstein, o tempo tem vindo a ser considerado como uma quarta dimensão do continuum de espaço-tempo do Universo, que possui três dimensões espaciais e uma temporal.
Enquanto, para Newton, o tempo era algo absoluto e universal, segundo a Teoria da Relatividade de Einstein, este seria relativo. Ou seja, a relatividade afecta o tempo.
Assim, assistimos no século XX à criação das duas grandes teorias que revolucionaram a nossa descrição do mundo físico. A primeira, a Teoria da Relatividade, destronou os nossos conceitos de espaço e tempo (absolutos), combinando-os naquilo que hoje designamos por espaço-tempo, e que através da sua curvatura incorpora as propriedades omnipresentes e misteriosas do campo gravítico.
A segunda, a Teoria Quântica, alterou completamente a maneira como compreendemos a natureza da matéria e da radiação, fornecendo-nos uma representação da realidade onde as partículas se comportam como ondas e as ondas como partículas, onde as descrições físicas habituais ficam sujeitas a incertezas essenciais, e onde objectos individuais podem manifestar-se em vários lugares ao mesmo tempo.
Tomando como exemplo um buraco negro, objecto colapsado cuja gravidade é tão poderosa, que nada, nem mesmo a luz, pode escapar-lhe, ou seja, o que cai no seu “interior” jamais pode sair. Inicialmente, se uma pessoa for caminhando para um buraco negro, nada aconteceria e tudo pareceria normal. Os relógios mantêm-se inalterados, marcando o mesmo tempo.
No entanto, à medida que nos aproximamos do Horizonte de Acontecimentos (“fronteira” de um buraco negro onde a velocidade de fuga se torna igual à velocidade da luz), o tempo começaria a distorcer-se, assim como o espaço, devido à sua enorme gravidade. Os relógios começariam a atrasar-se em relação aos da Terra. Assim, ao cair no buraco, o tempo passaria cada vez mais devagar até se suspender.
Considerando a Teoria de Einstein, com as três dimensões do espaço (esquerda/direita, frente/atrás, cima/baixo) e a do tempo, que formam o “espaço-tempo”, podemos inferir que um buraco negro não só distorce o espaço como também distorce o tempo.
Einstein e Nathan Rosen sugeriram que a “garganta” do buraco negro pode dar acesso a uma outra garganta ligada a outro universo. Em teoria, o buraco negro teria que ser suficientemente grande para não esmagar a pessoa e teria que estar em rotação. Desta forma, uma pessoa poderia utilizar esta ponte para passar para esse outro universo.
Um dia talvez os cientistas sejam capazes de controlar a fúria de um buraco negro usando a antigravidade, o oposto da gravidade, para criarem um buraco de Verme. Este tem duas bocas ligadas por um túnel através de um espaço curvo. A boca de um buraco de Verme permite entrar, mas também sair. Assim, ofereceria a grande vantagem de poder ligar diferentes partes do nosso universo, constituindo um atalho seguro entre dois lugares distintos.
Numa perspectiva mais filosófica, Platão afirmava que o tempo não é uma simples sucessão de instantes, é um contínuo. E este existe na medida em que uma alma consciente reúne o antes e o depois num agora.
Vários autores actuais, do denominado Movimento da Nova Era, concordam e retomam esta ideia.
Segundo Neale Walsch, o tempo não existe, não existe passado nem futuro. Estas são construções da nossa mente, pois apenas existe o momento eterno do agora.
O passado, o presente e o futuro são apenas uma invenção para conseguirmos distinguir as nossas experiências, pois caso contrário, elas sobreporiam-se. Ou seja, tudo acontece ao mesmo tempo. Apenas existe. Nós é que nos movemos.
Lee Carroll, através da entidade Kryon, acredita que muitos de nós estamos a sentir que o tempo se está a acelerar, como se o comboio da Humanidade estivesse a andar mais depressa, apesar dos relógios continuarem a marcar o que sempre marcaram.
Acrescenta que o tempo não é linear, considerando o tempo como circular. Começamos a experenciar um nível diferente de vibração, porque o nosso tempo já não representa o passado, nem o presente nem o futuro, mas sim o agora e todos os tempos juntos.
Não podemos olhar o espaço aplicando os mesmos parâmetros da Terra. Sendo o tempo relativo dentro do tempo linear, podemos concluir que o tempo anda a velocidades diferentes. Assim, quando olhamos para o Universo podemos ver diferentes enquadramentos de tempo, que existem a velocidades de tempo diferentes.
Por outro lado, Jorge Luís Borges questiona que o tempo é um problema para nós, um tremendo e exigente problema, porventura o mais vital da metafísica: a eternidade, um jogo ou uma fatigada esperança.
Utiliza a frase de Platão, no Timeu, de que “o tempo é uma imagem móvel da eternidade”. Esta afirmação não elimina a convicção de que a eternidade é uma substância feita com a eternidade do tempo. Considerando a Eternidade um arquétipo, a sua cópia será o tempo.
O Universo (ou o Tempo) é a imagem reduzida da indivisível e universal eternidade; eles podem contemplar e admirar, pelo espetáculo de suas propriedades e de suas maravilhas, ... mas jamais poderão conquistar o segredo da sua existência, escreveu Saint-Martin.
No que diz respeito ao domínio do manifestado, o espaço e o tempo podem ser simbolizados pelas duas colunas, ou seja, as duas realidades fundamentais nas quais parece ter sido baseado o Universo que conhecemos.
Da mesma forma que Energia e Matéria, Espaço e Tempo são as realidades finais que a ciência positivista admite como condições indispensáveis de toda existência física. Ainda que na teoria einsteiniana se unifiquem (fazendo do tempo uma quarta dimensão do espaço) e se trate de pôr em evidência sua relatividade, seguem constituindo os alicerces inalteráveis e o pressuposto relativamente invariável de nosso Templo Cósmico.
Como a dualidade não é nada mais do que a soma dos dois aspectos complementares de um Princípio Único, o Espaço é, no fundo, um só aspecto relativo do Ser, que tudo contém e compreende, pelo fato de que tudo é, e o Tempo é outro aspecto dessa Suprema Realidade.
Desta forma, penso poder concluir que o tempo, tal como o espaço, existem apenas nesta dimensão em que nos encontramos ilusoriamente, neste esquecimento que ainda nos prende.
Conforme preconizou Saint-Martin: durante e dentro do tempo, só conhecemos as obras quando desenvolvidas e apenas conseguimos penosamente procurar a sabedoria e a verdade. Só fora e acima do tempo, as conseguimos alcançar e possuir. Pelo que temos que sair do tempo para que a glória suprema renasça.
Para finalizar, considerando que o tempo dos poetas tende a ser um tempo de instantes, podemos assumir que Fernando Pessoa criou cronologias paralelas à sua, parecendo negar a sua própria existência temporal.
Ele pensa e analisa a maneira de transcender a análise mundana. Quando nos ligamos intensamente a esta sensibilidade, ficamos com uma diferente visão global do mundo e das coisas.
BIBLIOGRAFIA
Borges, Jorge Luís, História da Eternidade e O tempo circular; in Obras Completas, Vol. I, Círculo de Leitores, 1998
Carroll, Lee, “kryon”, O Novo Começo, www.casa-indigo.com
Couper, Heather; Henbest, Nigel; Buracos Negros, 1997, Gradiva – Publicações, Lda., Lisboa
Manual do Aprendiz Franco Maçom, www.hermanubis.com.br
Saint-Martin, Louis Claude de; O Homem de Desejo, www.hermanubis.com.br
Walsch, Neale, Conversas com Deus, Editora Pergaminho, Lisboa